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O som de Deus

12/04/2023

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Vou tentar calar a sua preocupação, vou tentar sossegar-lhe o espírito sobre o destino do meu:

É verdade que a palavra de Deus não pousou na minha vida como sucedeu a tanta gente. Ela, que apazigua tantas almas, que conforta tantos homens, passou ao largo da minha existência que, no entanto, não se debate no infortúnio de quem se sente não escolhido, mas, simplesmente, convive pacificamente com as incógnitas da vida.

Na verdade, acredito que na resolução dessa convivência, diferimos, não só eu e você, mas os homens ao longo de sua estada na Terra. E assim, vemos uma diversidade de religiões no tempo e no espaço, a meu ver, todas dignas de respeito.

E a palavra de Deus aí se encontra, mudando forma e conteúdo como mudaram os mares e os vales na lenta evolução geofísica do planeta. A palavra para mim – e aqui preciso ser entendida como não estando a desrespeitar uma outra visão das coisas – surge com o homem, a falar sobre uma realidade que o transcende e, por isso mesmo, inalcançável. A razão da palavra pode ser divina, mas a palavra é humana, e com sua fala o homem é um intérprete e não o reprodutor de uma mensagem cuja autoria não se reporta a outras dimensões.

Mas, se não me chegou a palavra de Deus, chegou-me o seu som. Ele está presente nas diversas expressões de vida que temos: na visão de uma palmeira contra o azul límpido do céu, na cascata da risada de uma criança, numa pintura que nos estica a fibra da emoção, na solidariedade em situações de risco de vida, no prazer de dois corpos que se encontram, na penetração vívida de uma música no nosso ser, na novidade eterna das ondas do mar, na satisfação da criação, enfim, no indecifrável fenômeno da vida.

O som de Deus é audível e eu o escuto na música do universo, sem que o encerre em palavras.

Denise Dantas

Carta – não enviada – à minha tia

18.09.91

Data da postagem: 12.04.2023

Dia a dia … ou… Arte no gerúndio: Vivendo

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Deus e o mar

08/11/2021

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REG 05

Na sacada da alma, debruço-me…

Quase sinto o abraço do mar

Na dança da água,

No vento, no barulho…

– o calmante barulho do mar… –

No brilho da luz oceânica.

………….. O mar é o meu quarto sem paredes…

Sentimento de universo

Que vem da liberdade,

Dona de todos os caminhos,

De uma linha do horizonte

Ubíqua e sempre móvel.

………….. No abrigo, o mundo quieto 

………….. Abre as portas pesadas para a luz.

………….. O mar de sal me chega às narinas.

………….. Encanto simples da casa 

………….. Rústica, paredes caiadas…

………….. Sei de suas cores e flores,

………….. Não sei de suas dores.

………….. Abarco o abraço no braço da fé

………….. E, sem jeito, me faço presente

………….. Ao som do barulho do mar,

………….. À luz do espelho da água…

Data original: 21.09.99- 26.09.99

[REG = revisitando escrituras guardadas]

Histórico do post:

Conheci Pe Sabino (Sabino, como era tratado por muita gente) indo à missa onde ele celebrava. Uma amiga comum havia nos colocado em contato porque eu estava com necessidade de alguns esclarecimentos filosóficos no fazer da minha tese e ela levantou a possibilidade de eu poder contar com a ajuda dele. O objeto de estudo era um aspecto do amor entre um homem e uma mulher e saí da igrejinha, na primeira ida lá, pensando se isso seria possível, dado que Sabino disse de pronto: “Todo amor termina em Deus”. E eu fiquei pensando se seria possível sair do campo religioso como era o que eu fazia. Voltei à igreja e ali teve início uma das amizades mais preciosas da minha vida. Sabino era um ser humano  especial. E, algo raro, muito raro de se encontrar em alguém: ele gostava de gente. Digo isso porque a maioria de nós, quase todos nós, gostamos de pessoas, gente específica. Ele gostava do ser humano, fosse como fosse, de qualquer faixa etária, de qualquer condição econômica, de qualquer cor, de qualquer crença (ou não crença) religiosa, etc. O post foi decorrente do bem-estar estético que encontrei naquele espaço simples onde, do seu interior, a gente podia ver o mar ao desviar o olhar do altar para a porta de entrada.

PS Lido com o WordPress na base do ensaio e erro porque no meu autodidatismo não consigo descobrir como acertar certas operações. Uma mostra disso foi o recuo que não acertei a dar e criei artificialmente com pontinhos. Penso ter aulas um dia com alguém que seja da área de informática para fazer direito o que faço dando jeitinhos aqui e acolá.

Data da postagem: 08.11.2021

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